ANDRÉIA
ALVES PIRES
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Maria Vitória
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(Traducción
al portugués de_"María
de la Victoria,"_de_Nela
Rio)
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El 24 de mayo
de 2009 se presentó en la mesa de traducción del_XLV
congreso de la ACH (Carleton U., Ottawa, Canadá)_la
versión en portugués de Andréia Pires de este cuento
de Nela Rio._Hugh
Hazelton_leyó
la versión al portugués en la lectura bilingüe_("Maria
Vitória")._Fotos
tomadas durante esa ocasión_por_Graciela
Lucero Hammer,_moderadora
de la mesa:
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Nela Rio y
Hugh Hazelton
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El dibujo
de portada es de Nela Rio
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(Pulse
en las fotos para ampliarlas)
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Os
que sabem dizem que a montanha grita algumas noites. É uma história
não muito velha, esquecida como o pó do silêncio, mas
chegou até aqui e há noites em que as pessoas cobrem-se com
uma manta para não escutá-la.
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Foi um tempo
em que chegaram as vespas atacando o vale. Era uma nuvem tão espessa
que o sol parecia haver se posto. Chegaram e apropriaram-se de tudo. As
pessoas corriam sacudindo os braços, porque o vôo era certeiro.
Não respeitavam as portas fechadas, nem as janelas, nem as chaminés
ardendo. Nem sequer os cântaros de água fresca, nem as brincadeiras
das crianças. Os corpos, cheios de ferrões, tomavam formas
estranhas e era difícil às mães reconhecerem seus
filhos. Celebraram reuniões e decretaram drásticas medidas.
Incendiaram o povoado. Como as vespas metiam-se nas roupas proibiu-se a
fuga individual. Devia evitar-se a todo custo que as vespas, presas nos
mantos, se espalhassem por outros lugares. Ficariam até a hora exata
do incêndio.
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Maria, que
logo foi chamada Maria Vitória, era a encarregada da tocha. As vespas
somavam-se umas às outras e formavam barreiras difíceis de
passar. Corriam segredos entre as pessoas de que as vespas pareciam adivinhar
e, enfurecidas, atacavam com maior voracidade e sem discriminação.
As pessoas não comiam para não tragar nenhuma vespa e assim
definhavam e o povo estava esgotado de correr e de não comer. Maria,
que logo foi chamada Maria Vitória, chamou todos à Praça
Maior. Chegaram quase se arrastando e deformados e prontos para cumprir
com o decidido. Ficariam até a hora exata do incêndio. Incendiou-se
a tocha e o fogo correu como água pelas ruas, sobre a gente, sobre
as casas, sobre as vespas. Todo o povo a uma, no topo, como uma montanha
em chamas. Por isso dizem que a montanha grita algumas noites, sobretudo
quando o sol, ao se pôr, a desnuda com o vermelho.
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A outra gente,
a que sempre olha da borda de si mesma, não quer recordar que os
que se queimaram deixaram a terra lisinha e sem vespas. É mais fácil,
quando a montanha grita, tapar a cabeça com a manta.
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